segunda-feira, 2 de setembro de 2013

into the wild!

Depois de um fim de férias bem aproveitado e começo de aulas com as turbulências e emoções de sempre, cá estou eu arrumando um tempinho pra tirar as teias de aranha do blog. Como prometido, o post de hoje vai ser dedicado a uma das minhas life-changing experiences de intercâmbio, a Maine Trip.

Após ter passado o perrengue de ficar sem housing/meal plan no gap period entre o spring e o summer, eu comecei a me programar com antecedência pra aproveitar melhor o tempo que antecedia a abertura do dorm na UT. Em uma das minhas pesquisas aleatórias, achei um grupo da UPenn que organizava outdoor trips e decidi me inscrever em uma prevista para o dia seguinte ao meu último dia de aula.

Vejam bem, eu sempre fui metida a aventureira, adorava fazer trilhas e vivia tentando arrastar as amigue pra essa vida (e, diga-se de passagem, sem sucesso), mas o máximo que eu tinha conseguido so far foram days trips pequenas como a Pedra da Boca (PB).

Aí você pegunta: como é que alguém se registra pra uma viagem de sete dias sem conhecer nenhum dos outros participantes, nem saber direito a programação? Pois é, o espírito v1d4 L0k4 já começou aí!

Pré-trip

Well, as semanas foram passando e eu deixando essas questões em stand by, até que dois dias antes da partida houve um pre-trip meeting. Naquela noite, eu saí da UPenn com um mochilão cheio de treco dentro e um sentimento de #FogeEnquantoHáTempo #ÉCiladaBino! rs (sim, após o meeting duas pessoas desistiram da viagem #senteapressão)


Depois de pensar um bocado enquanto terminava os últimos projetos, eu decidi encarar o desafio. De verdade. De peito aberto. Prometi a mim mesma que não seria a menina implicante que dá piti porque enfiou o pé na lama ou porque a água mineral acabou e só tem a do riacho. Depois que eu me convenci disso, comecei os trabalhos e dei um #ChallengeAccepted antes mesmo de pegar a estrada. Isso porque eu tinha menos de 12h para arrumar minhas coisas, organizar o ap, dormir e dar check out no dorm entre minha última aula e a viagem #Ôcorreria #SóJesus! Detalhe que o maior desafio mesmo foi reduzir toda a bagagem da semana ao que coubesse na minha JanSpot.

muito triste dirigir com essa paisagem ó
Estresses de move out à parte, aos trancos e barrancos, lá estava eu, pronta para passar um dia quase inteiro em uma van com mais cinco ~estranhos~. Mas a verdade é que toda a minha má sorte com as roommates do summer foi compensada pelos meus companheiros de viagem. Sabe quando a química bate? Éramos pessoas completamente random, de calouro a estudante de doutorado, com diferentes níveis de experiência na selva (de mano loko que passou mais de 5 meses fazendo a Appalachian Trail a gente que nunca tinha acampado/backpacked >> euzinha), mas a dinâmica do grupo foi tão sensacional que já quero carregar esse povo todo pra Chapada Diamantina! Sim, e eu poderia passar horas aqui tentando contar um pouco da história de cada um e demonstrando toda a minha admiração por aqueles tresloucados, mas como vocês estão interessados mesmo nos highlights da viagem, vou só fechar (para o caso de algum deles estar tentando ler isso via Google Translate) dizendo que a energia e positividade com a qual lidavam com as situações me inspiraram e me fizeram resgatar meu lado ~poliana~ que tava meio adormecido por causa da vida atribulada. Thank you! I’m glad I signed up for this adventure and met Y’all. I will never forget!
love this pic #chilling #bestpeople

Acadia National Park

com esse teaser eu vou sim
Começamos a todo vapor mesmo depois de horas presos em um engarrafamento que prolongou bastante nosso tempo na estrada! Aproveitamos ao máximo os dois dias para desfrutar as belezas de um dos mais antigos parques da costa leste. Paisagens incríveis (dignas de capa da National Geographic), uma estrutura turística consolidada, trilhas instigantes e muita LOBSTAH no caminho kkkk (Maine é a terra da lagosta). Um dos highlights foi quando saímos a pé da área de camping em direção à praia, num breu total (e eu claro que me controlando para disfarçar meu pânico de escuro) para ~olhar as estrelas~. Passado o trajeto apavorante (menos, mc!), deitamos em uns banquinhos e me deparei com um dos céus mais bonitos que já vi (só não ganhou do de Parelhas quando falta energia na cidade :P). Pra encher ainda mais os olhos, naquela época estava tendo umas “chuvas de meteoros” e eu ganhei um monte de estrela cadente pra fazer pedido ^^ 

Cutler Coast

melhor campsite sim ou claro????
Com gostinho de quero mais, pegamos a estrada para nosso próximo (e temido por mim) destino: a overnight backpacking. Mas a perspectiva de andar mais de 8km com a mochila nas costas era fichinha comparando com nossa apreensão ao ver o estacionamento da entrada da trilha lotado (só havia três campsites no caminho e o espaço era de quem chegasse primeiro). Pense num medo quando demos de cara com os dois primeiros ocupados! Porém, como eu desconfiava, essa emoção toda foi só deus de brinks com a gente, pois acabamos pegando o terceiro e mais show de todos s2s2s2

Eu sabia que a Cutler Coast seria o lugar mais “primitivo” da nossa trip (leia-se: turista não se mete por lá, só vida loka msm), mas eu só fiquei tipo WTFFFF??? mesmo quando um dos rapazes chegou com uma “Bear Can”, na qual deveríamos colocar todas as coisas que pudessem atrair animais pelo cheiro (de comida a produtos de higiene), para ser lacrada e deixada na floresta longe das barracas. Imaginem meu auto controle facial para disfarçar o choque quando me explicaram isso kkkk! (Sim, existiam ursos nas redondezas). Mas machucados a parte (já sou desastrada normalmente, imagine carregando quase 10kg nas costas), tudo transcorreu bem e eu ainda ganhei de brinde um nascer do sol de tirar o fôlego!

Baxter State Park

Nossa última parada também significava que estávamos mais perto do maior desafio: escalar o Monte Katahdin. E olha, pra quem nunca tinha encarado uma montanha de verdade, eu estava muito cabida querendo começar apenas por uma das mais difíceis da costa leste americana, viu? 

Katahdin ao fundo com a melhor canoeing partner #winners
#canoeingrace
O primeiro dia foi chuvoso e a gente optou por atividades mais lights pra se recuperar, como canoagem e jogos de tabuleiro. No dia seguinte, apesar do nosso entusiasmo, fomos surpreendidos com a notícia de que a trilha estava fechada por causa do risco de tempestade de raios. No início eu fiquei bem #xatiada porque, afinal de contas, o topo do Katahdin era o ponto alto (literalmente rs) da viagem, mas depois que parei pra pensar na loucura que seria encarar uma caminhada de mais de 10h (ida e volta) na chuva, com possibilidade de raios e trovões, aceitei. É, Katahdin, você me deu um motivo pra voltar ao Maine e completar o desafio!

Volta pra Philly

dá pra tu??????????????????
Curtimos o restinho do parque, mas já era hora de voltar pra civilização. No caminho, ouvi os rapazes comentando sobre um desafio promovido por um famoso restaurante da cidade de Millinocket e ainda no espírito #ChallengeAccepted choquei todos ao dizer que topava! #omidoida O Summit Sundae Challenge consistia em comer sozinha 14 bolas de sorvete recheadas de Snickers, M&M's, bananas e o famoso AT Cafe doughnut, com cobertura de chocolate, chantilly e cerejas. Os guerreiros que conseguem terminar (sem direito a ir ao banheiro hehe), ganham uma camiseta, a tigela e a assinatura na "parede da fama"! O recordista na época tinha detonado tudo em 8min (!!!!!!!!) Não vou mentir que depois de umas colheradas dei pra trás, dividi o que sobrou entre os outros 5 e ainda restou sorvete kkkk! Mas valeu a tentativa hehe!

Para fechar a aventura com chave de ouro, os rapazes ainda pegaram um ~desvio errado~ enquanto tirávamos um cochilo e de repente a gente tava em NYC comendo pizza na Times Square às 4h da manhã. Da natureza selvagem diretamente para a concrete jungle hahaha! :P

Pós-trip

Machucados, noites mal dormidas seguidas de longos esforços físicos, arranhões, bolhas, a vontade louca de comer comida de verdade e tomar um banho bem demorado... É, devo confessar que não foi fácil. Mas eu acho que dentre as várias picadas de insetos que ainda estou esperando sarar, deve estar também a do ~bichinho da aventura~, porque apesar de tudo, minha vontade de percorrer o mundo com uma mochila nas costas aumentou ainda mais. E eu sei que nosso país tem lugares até mais bonitos que esses, mas ainda não achei gente disposta a encarar uma dessa comigo (conto nos dedos as pessoas que conheço que sobreviveriam a uma Maine trip hehe)! Alguém se habilita?

Pra fechar, uma coisa que me chamou a atenção durante esses dias na selva foi a quantidade de famílias e idosos que encontramos no caminho. Na Cutler Coast, eu já em um estado avançado de exaustão quando me deparei com um casal de velhinhos (+70) super alto astral. Ao nos verem, eles pararam pra conversar um pouco. A senhora parecia ter uma energia inesgotável e o seu esposo vinha na frente auxiliando nos caminhos mais difíceis. Depois que eles seguiram caminho, eu fiquei pensando nas pessoas que conheço, até mais novas, que se dão por satisfeitas em passar o dia se distraindo na internet ou assistindo TV. É incrível como o mundo tem tanto a oferecer, mas a gente insiste em se contentar com o mais cômodo, né? Chega a ser um pecado! Senti uma pontinha de tristeza e prometi a mim mesma que sempre iria lembrar daquele casal simpático como um estímulo.

E eu sei que não tenho o mesmo poder persuasivo daqueles velhinhos, mas se após ler isso tudo pelo menos uma pessoa se sentir inclinada a tirar um day-off da civilização e ir curtir a natureza eu vou ficar muito satisfeita :)

O menininho apontava para uma foca e fazia perguntas sobre a natureza com um entusiasmo que eu não vi igual no seaworld. Juntamente com a mãe, que estava do outro lado com uma menininha, eles formavam uma família linda. Fiquei encantada pelo modo que decidiram educar suas crianças :)


Have a wonderful week!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

leave your message!